terça-feira, 15 de maio de 2012

colecionismo abstrato


Sem mais demoras o primeiro tema que decidi abordar, e acreditem que foi difícil a escolha, é o colecionismo abstrato.

O que é isto do colecionismo abstrato? (por esta altura eu sei que ninguém esta a ler isto, mas decidi continuar na mesma, pode ser que mais alguém á procura de pornografia ou rendas de bilros no Google venha aqui ter por acaso) Aqui há uns tempos, comecei a fazer uma coleção que mais ninguém faz, ou seja, colecionar coisas que não tenho mas gostava de ter, ou ter tido, esta coleção já conta com vários itens, ficam aqui alguns exemplos:

Um cão pastor alemão que me apareceu á porta esfomeado, sempre quis ter um cão pastor alemão quando era puto, a vantagem é que não tenho de dar comida nem levar o bicho ao veterinário porque ele não é meu, e tenho a leve sensação que vai deixar de fazer parte da coleção pois esta tão magro que parece um galgo esfomeado e mais dia menos dia irá partir para o senhor, a sorte é que eu tenho fotos do dito cão e posso sempre mostrar a minha coleção em formato não palpável, o cão não é meu mesmo, portanto mostrar em foto até pode ser vantajoso porque ao vivo as pessoas tendem a dizer que o cão é meu quando de facto não o é.



Um vw passat 2.5 tdi, que tenho estacionado na minha garagem, que roubei há coisa de duas semanas com a ajuda do meu primo Fernando Fernandes que é professor universitário e tem muito jeito para partir vidros para brisas á marretada e fazer ligações diretas nas ignições dos automóveis, tenho a vantagem de não pagar seguro nem iuc pois a viatura não é minha

Uma foto de uma coleção de moedas do tempo das moedas antigas, gostava tanto de ter esta coleção, ai se gostava.

Um relógio que comprei na loja do chinês marca desconhecida mas que eu digo ser um rolex , e ai de quem diga o contrario pois eu é que sei qual o relógio que gostava de ter mas não tenho, já houve pessoas que me disseram, ah tu gostavas era de ter um Swatch, e inclusive já me chateei com a minha vizinha de cima porque entalou-me a mão no elevador e danificou-me o rolex, acontece que ela não queria pagar o rolex porque não era um rolex  e aquilo deu uma grande confusão que ate meteu policia e tudo, ate que chegamos á conclusão que eu não queria que ela me pagasse um rolex porque se ela o fizesse não podia por este item na minha colecção porque o rolex passava a ser meu,( hum, a menos que ela mo emprestasse, assim já não era meu, bolas agora já é tarde pois ela comprou-me um sem marca e disse-me que era rolex, se bem que não era este o modelo de rolex que eu gostava de ter mas enfim)a coisa ficou por ali mas a minha vizinha nunca mais me falou e andou a espalhar á vizinhança que eu era maluco, vá-se lá saber porquê, o que ate foi bom  e deu origem ao próximo item da minha coleção .

Um prédio só para mim, sempre quis morar num prédio sem vizinhos e agora graças á Dona Isaura, a minha vizinha de cima, isso concretizou-se, não há vizinho que me fale, por isso é como se morasse sozinho
Um desintegrador de iões 3.200 plus, sempre quis ter uma coisa destas, e vocês perguntam, então se não tens como é que tens essa foto? É que mais ninguém tem uma coisa dessas? Eu sei e é por isso que isto não passa de um secador de cabelo antigo, acham que eu sou parvo ou quê? Se eu tivesse um desintegrador de iões 3.200 plus não poderia fazer parte da coleção pois os itens a colecionar não podem ser meus, alem disso se eu fosse apanhado com um desintegrador de iões 3.200 plus era capaz de dar chatice, aqui na minha zona acho que que ainda não há licença e porte de desintegradores de iões 3.200 plus.




Toda a roupa que eu tenho faz parte da coleção, acontece que eu ganho o ordenado mínimo nacional e como gostava muito de ter roupas demarca mas não tenho posses para tal opto por comprar tudo na feira de Carcavelos, como é contrafação é como se não tivesse, mas tenho.

Tenho uma camisola do Cristiano Ronaldo que uso quando jogo á bola com a malta lá do emprego, como eu não sei jogar futebol mas gostava de saber, quando visto a camisola do Ronaldo sinto-me um verdadeiro craque, apesar de chutar com os dois pés ao mesmo tempo, e já ter feito dois entorses na mesma semana, sorte a minha porque assim não coxeio.

Tenho uma página que ninguém visita mas que eu gostava de ter milhões de visitantes por dia (milhões? Epá se calhar é melhor publicar isto em mandarim, assim sempre tenho mais hipóteses) e que todas essas pessoas reenviassem o endereço para um amigo, ao contrário dos 7 visitantes mensais que aparecem cá de vez em quando para gozar comigo e deixarem comentários jocosos acerca da minha personalidade e dos que procuram por rendas de bilros e pornografia no Google e vêm aqui ter por obra do acaso, a esses 7 facebookocibernautas um bem haja, eu sem vocês não era nada.
Uma foto do governo que gostava de ter mas não tenho, a foto tenho, não tenho é o governo que gostava de ter, logo, se não tenho mas gostava de ter pode fazer parte dos itens a colecionar. Gostava de ter um governo em que as pessoas admitissem aquilo que são, só isso.



Não, não gostava de ter um governo de palhaços, isso, já tenho, o problema é que eles não o admitem e era isso que gostava de ter, sinceridade parlamentar.

Uns sapatos com um tacão de doze centímetros que fazem parte da minha coleção e não fazem, o que faz parte da minha coleção é a minha altura quando calço estes sapatos, fico com um metro e trinta e seis, a altura que gostava de ter, pelo menos para não me chamarem bidon (isso do bidon tem mais a ver com meu peso pois tenho umas quatrocentas gramitas a mais, nada que com um treinozito não vá ao sitio) e pudesse chegar às prateleiras de cima da cozinha quando é preciso ir buscar umas folhas de louro para o refogado.

Tenho um gato que esse sim é meu, mas como eu gostava de ter era um hamster, tenho-o dentro de uma gaiola com uma roda e tudo, eu nem gosto de gatos.

Isto foi só para ficarem com uma ideia de como o mundo do colecionismo abstrato pode ser fascinante, tem inúmera vantagens, não, não me enganei a escrever quando digo inúmera é porque só me consigo lembrar de uma, e que é o facto de colecionar tudo o que eu gostava de ter e não tenho.

 Estou a olhar lá para fora e acho que a minha próxima aquisição mas que não vai ser minha e eu sempre quis ter é uma sepultura no quintal, acho que o raio do pastor alemão não passa de hoje e vou ter de o enterrar lá atrás junto das gerbéras da minha mulher.
Até amanha



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