Boas, hoje venho aprofundar a temática dos
automóveis e a sua importância na sociedade em que vivemos.
Muitos de vós se recordarão dos tempos em que ter
carro não estava ao alcance do comum dos mortais, até há relativamente pouco
tempo havia famílias que não possuíam carro próprio, nem próprio nem
emprestado, o panorama atual ditou regras bem diferentes das que haviam há
sensivelmente 20, 25 anos.
Que é que não se lembra dos concursos de
televisão no qual sorteavam um automóvel? Há duas décadas os concorrentes e os
espectadores ficavam maravilhados com o fato de o premio de qualquer concurso
ser um automóvel, podia ser um Fiat Uno, um Citroen AX ou até um Yugo, e o
combustível também não interessava, era um CARRO e isso é que era importante.
Nos dias que correm se alguém estiver a ver, o
preço certo, por exemplo, e da montra final constar um automóvel, os
comentários mais entusiasmantes que alguém fará serão os seguintes:
-“Ena pá, isto é prémio, que se apresente? Um
Fiat Punto? Ainda por cima a gasolina? E ainda por cima a versão base, que nem
sequer trás camaras de estacionamento com visor 3D de 19 polegadas, nem
sensores de condução perigosa, nem ar condicionado tri digital com
desumidificador multizona, que vergonha, e depois querem que as pessoas
concorram, para que? Para ganhar isto? Olhem para foto em baixo, isto sim era
um prémio, e sim estou-me a referir ao avião.
Assim como se um puto de 18 anos recém-encartado
chegar á universidade com um Citroen 1.1 a gasolina com mais de 6 anos, os
comentários de há 25 anos seriam:
“- Ena pá, que grande máquina, ainda agora tirou
a carta e já tem carro e ainda por cima é quase novo, os pais do gajo devem ser
cheios da cacau”.
Já os comentários
de hoje em dia seriam:
“- Ena pá, que grande charuto, onde é que o gajo
desencantou aquilo? Nalgum museu? Aquilo deve mamar gasosa comó caraças. Os
pais do gajo devem ser ciganos ou algo assim, para lhe comprarem um chaço
daqueles.
Eu por exemplo quando tirei a carta, comprei um
VW Golf a gasolina com dez anos e quatro velocidades, e então? O que
interessava era que tinha um carro. Os miúdos de hoje não se importam de contrair créditos, ou depressões
para convencer os paizinhos a se endividarem para lhes fazerem as vontadinhas.
O carro é sinonimo de estatuto social, quanto
mais caro for, melhor e se for a gasolina, só se for um GTI, porque carro a
gasolina é para pobres, mesmo que só se façam 300 kms por ano, ter um carro a
diesel é que está na moda, marcas acessíveis e que fazem descontos nem pensar e
quanto maiores forem as jantes melhor, mesmo se depois os pneus são caríssimos e
andamos com eles carecas.
Quanto a mim os carros deviam de vir equipados com
um sensor de bom senso, tipo, eu vou ao stand e sento-me num carro, o sensor se
bom senso deteta que eu não tenho posses para ficar a pagar 526.35€ por mês durante
12 anos e dispara uma sirene fazendo um cagaçal enorme deixando todos a olhar
para mim, talvez assim as pessoas comprassem aquilo que realmente necessitam em
vez de comprarem merdas sem jeito nenhum só para impressionar os outros, epá
mas assim o mercado automovem declinava ainda mais, retiro tudo o que disse,
deviam fazer créditos por 30 anos para comprar carro, talvez assim se vendessem
mais e mais caros.