sexta-feira, 28 de setembro de 2012

O maior enxerto de porrada da minha vida!



O que vocês vão ler aqui hoje é a prova de que pode haver mal entendidos que podem levar a atos de loucura.
Dia 26 de fevereiro de 1983, um fim de semana como outro qualquer, o meu pai a trabalhar e a minha mãe em casa juntamente com a minha avó, que de vez em quando ia lá passar uns tempos.
Estava eu a ver o Vasco Granja no RTP2, quando de repente ouço a minha mãe chamar num tom que não era usual, vou ver o que se passava e ela diz-me “ – RÁPIDO, VAI CHAMAR O INEM QUE A TUA AVÓ ESTÁ-SE A SENTIR MAL!!”- e eu assim fiz, passados uns minutos regressei e desenrola-se o seguinte diálogo:
“então? Já chamaste?”
“já, era para chamar o Inem não era?
“sim,que é que disseram?”
“nada.”
“NADA?, MAS JÁ VÊEM CERTO?”
“sim, acho que sim.”
“o melhor é ires chamar outra vez, que a tua avó está a cuspir sangue.”
“ok.”
Passou-se meia hora e nada de INEM, a minha mãe decide ir ver onde eu estava e dá comigo no jardim, ajoelhado perante o castelo de Greyskull, num mar de pranto, balbuciando o seguinte:
“ HE-NEM, eu sei que estás ai, anda depressa que a minha avó precisa de ti, além de estar a cuspir sangue, ainda por cima borrou-se toda, despacha-te, podes trazer o tigre que se calhar é preciso levá-la ao hospital”

Foi aí que aconteceu, enquanto me chegava a roupa ao pelo eu só ouvia:
“ENTÃO EU MANDO-TE CHAMAR O INEM E TU ESTA AI A BRINCAR COM A BONECADA? TOMA LÁ QUE É PARA APRENDERES”, PUMBA, PIMBA, TAU, TRAU, TUMBA, e todas as onomatopeias que exprimam pancada.
No meio disto tudo eu só dizia:
“ Ó mãe, eu chamei-o, só que ele não vinha, eu chamei o HE-NEM, mas ele estava escondido”
Como é óbvio, estas declarações só serviam para enfurecer ainda mais a minha progenitora, levei tanta pancada que nem sei de onde vinha, fiquei com a sensação que a minha avó também molhou a sopa, não sei bem como, porque ela veio a falecer nesse dia, e eu só não faleci porque entretanto o meu pai chegou a casa e pôs fim aquela cena de pugilato.
No dia seguinte o meu pai estava mais feliz que nunca, ao passo que a minha mãe estava toda vestida de preto, até parecia que ia a um concerto de metal.
Quanto a mim, quando me passou as dores no corpo e as nodoas negras, taquei o fogo ao castelo de Greyskull com os bonecos todos lá dentro, escusado será dizer que levei mais uma coça, por estar a estragar os brinquedos e a brincar com gasolina, tudo culpa do HE-NEM, ou INEM, ou HE-MAN, nunca soube muito bem pronunciar esse nome.

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